Que tristeza! Nosso amigo escritor e jurista Celso Barros Coelho morreu, em Teresina (PI), neste 10 de julho de 2023…
Em vida, foi imenso como sua longevidade: 101 anos. Nasceu em 11 de maio de 1922, em Pastos Bons, Maranhão, terra que é matriz e referência histórico-cultural do sul do Estado.
E há poucos dias, em Caxias, falávamos nele, Celso Barros, eu e escritores e acadêmicos de Teresina (PI), da Academia Piauienses de Letras, da Academia Miguel-alvense de Letras e da Confraria Camões. Disse a eles que queria visitar Celso Barros, que Celso sempre marcava presença em Imperatriz. Participava do Salão do Livro daquele município, o SALIMP, evento criado na minha segunda gestão frente a Academia Imperatrizense de Letras.
Queria rever meu amigo Celso Barros, visitá-lo em Teresina. Ele, um maranhense que prestou grandes serviços ao Piauí, mormente em sua capital, a “Cidade Verde”, como a denominou outro maranhense, de Caxias, Coelho Netto. Só da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Piauí Celso Barros foi presidente seis vezes. Ensinou na Universidade Federal. Presidiu a Academia Piauiense de Letras. Foi um dos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí e dela foi professor de Literatura Latina e Literatura Portuguesa. O gosto pelo Latim vinha de longe: em 1958 já defendia uma tese para ser professor de Latim em escola normal. O título: “Da Poesia Latina na Época de Augusto”.
Um grande amigo, o Celso. Uma vez, fiz um discurso em Pastos Bons (MA), cuja Academia ele presidia. Ele ficou empolgado! Queria me levar para sua Academia…
Às vezes o encontrava em Pastos Bons, em Imperatriz e em Teresina. Deslocava-se de automóvel de Teresina até Imperatriz. Almoçávamos. Conversávamos muito. Comentava com ele minhas lembranças do magistral trabalho dele na redação e organização da Constituição do Estado do Tocantins, o mais novo da Federação.
Encontramo-nos diversas vezes nos eventos, palestras e debates sobre a autonomia político-administrativa do território da parte sul do Maranhão, que queria virar Unidade Federativa, ser independente — o Maranhão do Sul. Eu, adepto da causa, sempre era convidado para fazer palestras em eventos pelo interior e na capital, São Luís. E Celso Barros ali, presente, competente, intimorato…
Há mais de vinte anos Celso me ofertava livros, inclusive os seus, autografados e com gentis dedicatórias. Em 27 de setembro de 2005, ele escrevia no livro “Memórias de Pastos Bons”, de que é coautor e organizador: “Ao prezado Amigo Edmilson Sanches, Acadêmico, Escritor e membro eminente da Academia Imperatrizense de Letras, com o abraço do admirador e conterrâneo”. Quatro anos depois, em “Tempo e Memória — Pastos Bons”, em 25 de julho de 2009: “Para o colega Edmilson Sanches, com admiração ao seu talento”.
Tenho uns dez livros do Celso autografados e dedicados por ele: “Universidade em Causa” (1969); “O Debate Político” (1985; quando era deputado federal); e “Homens de Ideias e de Ação” (1991); “Perfis Paralelos” (2003); “Caio Mário da Silva Pereira — Lições de um Romanista” (2005); “Memórias de Pastos Bons” (coord.; 2005); “Centenário de Júlio Vieira” (coautor; 2005); “Tempo e Memória — Pastos Bons” (2009; apresentado pelo ilustre amigo comum, já falecido, professor doutor João Renôr Ferreira de Carvalho).
Uma grande vida. Um grande homem.
Maranhão e Piauí, irmanados na dor e no sadio orgulho, veem partir mais uns dos que sempre vão ficar.
Celso Barros, advogado — versado na letra da Lei.
Celso Barros, escritor — versado na lei das Letras.
Saudades do Amigo.
Paz e Luz.
Condolências para os Familiares.
EDMILSON SANCHES
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