A importância da Casa de Nhozinho e da atuação do artista e pesquisador Jandir Silva Gonçalves para a cultura maranhense

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A Casa de Nhozinho (Módulo III do circuito de exposições do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho – CCPDVF), localizada no Centro Histórico de São Luís, destaca-se por apresentar um vasto acervo representativo do cotidiano popular maranhense. Inaugurada em 2002 situa-se em um prédio de três pavimentos que possui duas vias de acesso, uma na rua
Portugal (nº 185), a outra na rua de Nazaré e Odilo (2A).


A exposição museográfica da Casa de Nhozinho baseia-se nos quatro elementos
naturais: terra, água, fogo e ar, razão pela qual os salões e pavimentos deste módulo foram
denominados: salão terra, salão água, pavimento fogo e pavimento ar. No salão terra, encontram-se os utensílios de trabalho do homem do campo, da mulher rendeira, da cozinheira e dona de casa, como: carro de boi, teares e objetos de cerâmica.


No salão água, encontram-se os utensílios do homem pescador e uma série de elementos representativos de técnicas empregadas na pescaria e, entre essas duas áreas localiza-se a sala de ervas.


O pavimento fogo compõe-se de uma série de vitrines e uma grande variedade de objetos expostos em cada uma delas. Esses objetos estão organizados de acordo com a classificação temática, materiais e técnicas utilizadas, como: artefatos indígenas, reciclados, trançados, miniatura de tipos populares, ou expondo as coleções adjuntas. Entre as coleções adjuntas destaca-se a de Antônio Bruno Pinto Nogueira (Nhozinho), “miniaturas de tipos populares”, as “rodas de boi” e fotografias. As outras coleções adjuntas compõem-se de: bonecos gigantescos e em tamanho natural (de Beto Bittencourt);
miniatura de pássaros (de João do Farol) e uma série de miuçalhas (miniatura de cerâmica figureira), caxixis (miniatura de cerâmica utilitária), pedra de raio (machado líctico) e ex-votos (peças representativas do corpo humano, feitos por devotos a fim de pagar promessas), que pertenceram ao jornalista Vitor Gonçalves Neto (Finado pai do artista plástico e pesquisador
Jandir Silva Gonçalves).


No pavimento ar, encontram-se a sala de reserva técnica, a sala da Comissão Maranhense de Folclore-CMF e a galeria do cofo, que dá acesso ao pátio. No pátio encontram-se representados uma casa de farinha e um forno de barro. Além disso, possui réplicas de construção civil, feitas de adobo; taipa e palha. Todo o acervo da Casa de Nhozinho é adquirido e organizado por meio de pesquisas de campo e bibliográfica promovidas pelo CCPDVF, daí a sua importância sociocultural e
educacional. Dentre os pesquisadores destaca-se Jandir Silva Gonçalves, artista plástico e pesquisador, Chefe da Casa de Nhozinho “por cerca de quinze anos” e “um ano” como Superintendente da Cultura do Maranhão. Jandir começou a trabalhar no CCPDVF em 1988 e atua até os dias de hoje. É colaborador de pesquisas no campo da cultura maranhense, sendo membro da Comissão Maranhense de Folclore. Nasceu em São Luis-MA, no dia 24 de maio de 1959 e “herdou” dos
pais o gosto pela arte. Ainda criança mudou-se com a família para Caxias-MA, onde começou a ler sobre a História da Arte. Na adolescência fez curso de pinturas em tela, tendo como mestre o artista plástico Antônio Vieira. Na década de 70, foi morar em Recife-PE, e na década de 80 mudou-se para Fortaleza-CE, locais onde passou a visitar museus e galerias de arte.

Ainda na década de 80 voltou a fixar residência em sua terra natal, onde permanece. Nesse “meio tempo” Jandir transformou-se em um grande experimentador de técnicas, estilos e materiais, destacando-se na arte da modelagem (em cerâmica).

No início de sua trajetória artística, Jandir pintava telas a óleo, paisagens bucólicas (referentes à vida e costumes do campo), com traços acadêmicos (que segue modelos clássicos). Posteriormente, passou a criar formas com características que lembram o “expressionismo“, fazendo de sua obra uma forma subjetiva de expressar a realidade. Depois se interessou por temas indígenas e passou a pintá-los em camisas e cartões postais. Paralelamente a este trabalho passou a produzir máscaras carnavalescas, as quais exportava para serem comercializadas na cidade de Olinda-PE.


Como escultor, começou retratando tipos populares, na forma de bonecos, modelados em papel machê, transferindo para eles os traços “expressionistas”. Passada esta fase, o artista passou a modelar os pássaros da fauna brasileira, em argila.
Em 1992, Jandir participou da 1ª Coletiva de Maio, juntamente com outros artistas plásticos, que ocorreu no Convento das Mercês. No mesmo ano, participa ainda do bazar de natal, do Hotel Quatro Rodas, com a produção de uma instalação, intitulada Feliz Astral, obra essa, inspirada na filosofia e estilo oriental. “Ao longo de sua carreira, ministrou diversas oficinas
de arte, promovidas por instituições como: CCPDVF, Centro Cultural Acadêmico José Sarney/Caxias-MA, Museu do Couro-Campo Maior-PI e participou de exposições individuais, entre elas a que ocorreu no Colégio São José (em Caxias-MA); no Diretório Central de Estudantes em Recife-PE; no Restaurante Cheiro Verde e na Central Cearense de Artesanato (ambas em
Fortaleza-CE). E ainda as que ocorreram em São Luís-MA em locais como: os bares Zazueira e Risco de Vida, no Teatro Arthur Azevedo e no CCPDVF, experiências que contribuíram para a sua atuação profissional na Casa de Nhozinho e cultura maranhense.


Paralelamente as experiências artísticas, jandir passou a fazer constantes viagens por todo o território maranhense. Enquanto pesquisador, realizou inúmeros mapeamentos de vilarejos, povoados e comunidades quilombolas, observando e registrando suas atividades culturais. Dessa forma, tornou-se um profundo conhecedor do Maranhão, detentor de um rico
acervo audiovisual. Alguns desses registros estão expostos em seu Instagram (jandir_gonçalves). A análise e reflexão de alguns desses registros e do percurso trilhado por jandir nos faz perceber a importância de sua atuação enquanto artista e pesquisador da cultura maranhense, do nosso povo, nossa gente, sua garra, fazeres e saberes.

Por Maira Teresa Gonçalves Rocha (Profª. Dr. Da UFMA/Curso de Licenciatura em Artes Visuais)

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