Memória da pele, poesia, é a estreia da poetisa Isa Corgozinho, professora e doutora em Crítica Literária, com selo da Venas Abiertas Ed. Popular, 100p, coleção III, Mulheres das Letras, BH-2021.
O livro já se mostra arte primorosa a partir da delicada capa, cuja arte representa mnemosyne, a deusa da memória.
A autora escreve com arte expressiva e percepção do mundo e da vida, com inspirados voos, em busca de epifanias. É dotada de elevada imaginação, de sentimento criativo e de humanidade.
Compõe-se Memória da pele de um mosaico de poemas multitemáticos, os sociais-engajados, os memorialistas/ telúricos, os de homenagens a figuras históricas marcantes (encomiásticas), aos familiares, com singular carinho e devoção, e os de intensa sensibilidade e voos criativos – os eróticos e sensuais, em q a autora envolve o leitor em clima frenético, excitante, embriagante. São quase flagrantes de cenas reais, tamanho o realismo e perspicácia expressos pela autora.
O domínio dos estilos gramatical e o literário, este fluente, gracioso e fiel ao princípio poético da economia e da criteriosa seleção vocabular, caracterizam Memória de pele.
É obra mista quanto ao nível da linguagem, ora flexibilizada ao do leitor mediano, ora e prevalente ao do erudito, com surpreendentes construções expressando cultura universal, a exemplo de Ecos de galos, que remete ao trinômio poético poundiano; Zobeide, uma mulher, cujo nome revelado em sonho inspirou a edificação de uma cidade italiana, Romance virtual, Joana sob o signo do amor, Quem és, Maria?).
Isa demonstra ótimo trânsito pelos fatos históricos, tanto pretéritos, qto os recentes, prestigiando-os detalhadamente, sem contudo permitir que o descritivismo prosaico se sobreponha ao poético; e com brilho metafórico ( Quem és, Maria?; Joana sob o signo do fogo; Madalena sob o signo do livre amor). As alusões ao mitos, mais recorrentes aos femininos, dão ao livro um tom da magia, do extraordinário, que imprescindem à Arte poética.
Em certa medida, Memória da pele é obra de vanguarda, pela densa pesquisa nela contida nos poemas de conteúdo místico e espiritualista, em estilo oposto ao da irreverência, predo.
Por: Ronaldo Mousinho
