Revi(vendo) Caxias

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“Vivendo e aprendendo”, dito popular

Alberto Pessoa – jornalista caxiense

Minha vida é perambular pelas estradas da vida. Acredito que a experiência, a vivência, são os maiores mestres para o conhecimento, a maior escola da vida. Sempre que posso, saio por estradas e veredas na busca de outras paisagens. Após me capacitar como jornalista (Bacharel em Comunicação) e a consolidação no campo da literatura (com quatro livros publicados e participação em diversas antologias nacionais e internacionais), além de ser membro em Academias de Letras e Núcleos de Artes na Europa e América do Sul), consigo penetrar facilmente no mundo da cultura.

Entretanto, o meu porto seguro, minha referência como pessoa é minha terra natal, a cidade de Caxias.
Caxias só existe uma, aquela que eternamente fértil na produção de grandes intelectuais de renome como: Gonçalves Dias, Coelho Neto, Vespasiano Ramos. A cidade de Caxias berço de brasileiros ilustres, como Gonçalves Dias, do famoso poema das palmeiras e dos sabiás, e a Canção do Exílio; Teófilo Dias; Coelho Neto; Raimundo Teixeira Mendes; César Marques, Vespasiano Ramos, Salgado Maranhão, Ubirajara Fidalgo, João Mendes de Almeida, Edson Vidigal, Edmilson Sanches, J. Cardoso, Nosli Marinho, Gilvaldo Quinzeiro, Ezíquio Neto, Wybson Carvalho e muitos outros que surgiram e surgem todos os dias em nossa Caxias.


No final do mês de julho, antes de seguir para Argentina onde ingressei como membro do Núcleo Académico de Letras e Artes de Buenos Aires, estive em Caxias. Minha presença em Caxias é constante. Sempre que posso vou estar com meus parentes e amigos daquele amado município. Gosto de andar pelas ruas da cidade e também pela zona rural. Me sinto feliz com isso. Revejo o Raimundo do Pastel, o Ferro da banca de revista do saudoso Bena. Falo com seu Luis Severo, com o pessoal do Mercado Central, revejo meus ex-colegas de aula do Cesc/Uema e das escolas do tempo do ginasial e do ensino médio. Visito o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias onde sou membro e também a Academia Caxiense de Letras -onde ainda não me quiseram-, e por a vai.

Desta última vez fui dar uma voltinha pelas ruas, juntamente com meu amigo professor, escritor e autêntico ativistas cultural Gilvaldo Quinzeiro. Nos encontramos em frente ao famoso Excelsior Hotel na rua Dr. Berredo e seguimos pela praça Gonçalves Dias passando pelo Calçadão da Afonso Cunha ( está bonito após uma reforma). Lanchamos pastel com suco de laranja na lanchonete Fios de Mel. Continuamos pela praça da Matriz palco de momentos históricos desde a adesão de Caxias à independência do Brasil. Só fiquei com pena da estátua do Cristo Redentor, escultura do artista caxiense Mundico Santos (a obra está bastante deteriorada pelo tempo). Passamos em frente à casa do nosso amigo escritor J. Cardoso; que atualmente reside em Fortaleza, Ceará. Descemos pela rua Gustavo Colaço onde fica a antiga Mesa de Renda e onde funcionou a redação do Nosso Jornal (Jornal do Maranhão), do lendário jornalista caxiense José Barros.

Chegamos à praça dos Três Corações, o local ainda ostenta diversos casarões, muitos em estado de regressão mas ainda conservam o sumo da história. Ali, outrora, abrigou a sede do jornal O Pioneiro da família Castro, dirigido pelo saudoso e exímio jornalista Vitor Gonçalves Neto, marido de dona Edna, pai de nossos conterrâneos Jorge Gonçalves, Miridan e Jandir Gonçalves. Vitor mw incentivou a enveredar pelo jornalismo comunitário me dando a missão de cobrir um evento e me chamando de repórter. Vitor era uma figura ímpar. Sentamos um pouco nos bancos da praça dos Três Corações. Me veio à memória o tempo em que meu pai (Zuzu Pessoa), morávamos na Rua das Pedras), em frente ao casarão de da professora Raimunda Maria irmã do famoso médico e ex-prefeito de Caxias Dr. Marcelo Tadeu de Assunção. Os Três Corações foi uma das principais referências comerciais caxienses: usina do Dico Assunção ( pai do poeta Quincas Vilaneto), comerciante Pedrinho, fabrica de gelo do Nerval…

Na praça, tínhamos também o consultório dentário do ex-vereador Domingos Brandão. Não podendo deixar de referenciar os trabalhadores do Sindicato dos Arrumadores (Estivadores de Caxias): O Xexeu, o Zé Galinha, o Toró… e muitos outros que descarregavam, na cabeça, os caminhões carregados de arroz, milho, coco babaçu provenientes da zona rural e de outrosmunicípios. Em outras épocas os Três Corações recebia as pessoas vindas da região de Matões, Parnarama, Buriti Bravo, Passagem Franca, Sucupira, desta, vinha a famosa cachaça sucupira, trazida pelo senhor Hugo em ancoretas e fazia a alegria dos adeptos daquela iguaria, a mesma que destruiu metade do meu fígado.

Pelas ruas de paralelepípedos dos Três Corações passava também o primeiro caminhão misto de Caxias, o espetacular “Boa Viagem”, de propriedade do grande Cristino Cruz ou Cristino Papagaio, delegado e ex-prefeito de Caxias. Com o sol já esquentando Gilvaldo chamou para retornarmos do passeio. Saímos pela avenida Beira-Rio.
Gostei de ver a transformação do local que antes era usado para lavar carro e moto, que poluía criminosamente o rio. Agora foi transformada em uma passarela, expondo obras, retalhos da história literária de Caxias e de seus autores.

A nova área de lazer e turismo da cidade, conta com bancos, iluminação em Led -agora quebrados, área de estacionamento, academia ao ar livre, totens com homenagens aos poetas caxienses, arquitetura de época da cidade e quiosques. Evocam o consagrado Gonçalves Dias, Teixeira Mendes, Coelho Neto, Teófilo Dias e João Mendes e Salgado Maranhão, um dos maiores poetas e intelectuais do Brasil. Um totem do pavilhão tem o nome de caminhos de sol, que é o nome de uma das composições de Salgado Maranhão imortalizada pela cantora Zizi Possi. Apesar de não estar sendo conservada sofrendo inclusive a depredação a nova avenida é um lugar aprazível. A margem do Rio naquele local voltou a viver.

Eu e Gilvaldo fotografamos a linda passarela e retornamos pela rua do Porto Grande, ou Conselheiro Sinval – hoje rua Anísio Chaves -, homenagem a um grande patriarca caxiense. No começo da rua estava a Ponte Velha de Madeira que liga o Centro à Trizidela obra monumental da época. Eu ainda passei por cima daquela ponte, revitalizada na administração do prefeito José Castro e a vi tombar numa manhã de tristeza. A via era o caminho do progresso que chegava à cidade por meio da Navegação a Vapor vinda de São Luís. As embarcações da Companhia do Comércio tinha a participação do meu bisavô o inglês, armador, construtor de barcos Thomas William Pearce.

Até chegarmos a praça Dias Carneiro ou praça do Pantheon ainda conversarmos sobre a bonita história de Caxias. Na praça defronte s um chafariz desativado e algumas palmeiras recatadas de coco babaçu e o olhar estático dos bustos das imponentes figuras dos Pantheons Caxienses nos despedimos cheios de lembranças históricas de nossa amada Caxias.

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