TRISTE PASÁRGADA

Compartilhe
Share on facebook
Share on twitter
Share on pinterest

Ainda criança se conheceram, brincavam felizes nas férias de julho e dezembro!
Anos depois se reencontraram e em pouco mais de um mês estavam casados.
Para ela uma grande conquista de liberdade, para ele um tanto faz como tanto fez!
No decorrer dos anos o grande grito de liberdade converteu-se numa grande e solitária escravidão! Chegaram os filhos, e o tempo para as velhas noitadas com os amigos se foi.
Ela relaxou os cabelos, as unhas, o corpo e a alma!
Seu amor pela boa música e leitura ficaram num canto arquivado!
Ele então a deixava em casa e saia para sua priorizada boemia, todas as mulheres queria, e vestido na sua farda de general da banda já nem se importava se a mulher se importaria!
Certa vez enquanto bebia e ouvia música num bar de uma esquina qualquer, alguém pediu para colocar uma fita cassete de Paulo Diniz, nela por ironia do destino começou a tocar Pasárgada!.
O homem que sempre foi alérgico a livros se encantou a seu modo pela tal Pasárgada!
A mulher que tinha Manuel Bandeira como um amor antigo que começou nos tempos de escola e perdurou nas lembranças dos bons tempos, sentiu até uma pálida alegria, quem sabe agora ele melhorara o gosto musical!
A única coisa que o cretino conseguiu entender nas entrelinhas era o que usava para açoitar a mulher cada vez que enchia a cara!
Por anos e anos repetia apontando para a idiota:
” Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei.”
Humilhada ela se sentia um lixo, pensava: Oh Manuel, que culpa tu tens se o falso entendimento de teus versos viraram açoites para mim!
Um dia ela se olhou no espelho e conseguiu enxergar um resto de juventude e beleza, lembrou do quanto era estrela de primeira grandeza antes de casar, e desejou muito o jogo virar!
Passado alguns dias, o general da banda com sua farda e botões começou a entoar Pasárgada no seu infame entendimento. Então ela pegou suas malas que aos poucos foi arrumando e com um olhar de desprezo jamais antes usado, encarou-o com todas as forças e falou:
-Nesta triste Pasárgada você já vive seu infeliz, nem perderei meu tempo lhe explicando o que Bandeira diz, fique aí com suas quengas nas suas camas fedidas, que eu estou indo para Paris!

Por Márcia Magalhães

Sobre o autor
Revista Nova Imagem
Revista Nova Imagem
Revista Nova Imagem, sua fonte de informação.
Deixe um comentário:
Inscreva-se em nossa Newsletter e receba as últiamas notícias em seu e-mail:
Últimas Notícias
Jesus Pearce
Nonato Santos

Mais um festejo de São Francisco das Chagas

No Sábado, 25/09, teve início mais um festejo de São Francisco das Chagas, no povoado Alto São Francisco município de São João do Soter, mais foi no domingo que juntamente com minha esposa (D.Elizane) resolvemos fazer uma visita ao Alto, matar a saudade pois não fomos em 2020, o pessoal

LEIA MAIS »
Leia também
Join our newsletter and get 20% discount
Promotion nulla vitae elit libero a pharetra augue