CAXIAS BICENTENÁRIO

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Ao som do violino de Hermogenes (Memória)

*Alberto Pessoa (Jornalista e poeta caxiense)

A partir deste dia 5 de julho até 31 de agosto o município de Caxias, Maranhão estará revivendo a memória com o advento de passagem de seus 200 anos de fundação e emancipação política-administrativa. Muita água já passou pelo curso do velho Itapecuru.

Aí me veio à lembrança pessoas que como o Hermogenes ( e seu conjunto) músico caxiense que embalou, através de sua arte o coração, os sonhos de muitas almas viventes e acho que até as que já se foram como ele, se acalentaram ao som da melodia de um violino e Hermogenes era um mestre.

Lembro-me como se fosse hoje. Por volta de 1970 eu tinha meus oito ou nove aninhos. Enquanto o Brasil brilhava no México sob a batuta do rei Pelé, Tostão, Jairzinho e outros craques do Tetra, o meu pai promovia suas diversões no povoado Infinito, Matões, lugar de boas vivências. A sede do municipio e todos os recantos da região tem parentes de minha saudosa mãe Maria de Jesus natural do povoado Tabocas.

Zuzu Pessoa era muito querido nesses municípios Matões, Timon e Caxias), deixou dezenas de compadres, afilhados e amigos nesse quadrante. Era bem relacionado, um de seus irmãos Alberto Juracy Pessoa era genro do coronel Dozim Brito, (chefe político, prefeito por muitos anos de Matões e dono de dezenas de propriedades) Juracy tinha como esposa Terezinha Brito, a primeira enfermeira de Matões. Dozim deixou parte de seu patrimônio para sua filha Teresinha inclusive o povoado Infinito e

Mocambo de Ferro, este com mais de 10 mil hectares, quase todas as terras nos arredores da Sede cuja fazenda São João com mais de seis mil hectares ainda é recanto da família. O casal tinha 22 propriedades. A maioria destas foi vendida no decorrer do tempo e desapropriada pelo Incra para implantação de assentamentos com a concessão de títulos rurais.

A Zuzu que tanto amava o interior, após morar no povoado São Pedro no município de Caxias, próximo à fazenda Bom Jardim (hoje populoso povoado do 1° Distrito) onde me veio o mundo, região bastante admirada pelo meu pai que ainda hoje têm pessoas amigas como seu Altino do povoado Sossego, pai do professor Arimatea grande educador, eterno diretor da escola municipal Renato Vilanova, foi lhes cedido pelo irmão o povoado Infinito localidade em que eu e meus dez irmãos convivemos numa relação livre. Com nossos colegas filhos de Agricultores como o Bil, o Francisquinho, a família Zé Rosa, Zé Gordinho o Jura… da família de dona Firmina Flor, mãe-chefa do Antônio, do Celso. Miguel, Teresinha, Conceição, Domingos, De Assis, Doro, da Família Siriaco, do Manelim filho do Zeca Velho. Do Zé Filho, ex- vereador de Timon e seus irmãos, no povoado Jacarandá, filhos de Dona Augustinha e Seu Zeca Moura. Riba do Adebal e de dona Joana… Quase todos meus compadres de fogo e colegas de passarinhadas cuja baladeira era a algoz das inocentes aves sertanejas.

A maioria destes, continuam firmes em seus lugares numa vida pacata e boa.

No rol de amizades de meu pai homens importantes do município: prefeito

Dr. Mário Carvalho, os proprietários de terras Zezinho e Raimundo Cassiano, Elói da Baixa Fria, Deusdete Matos, Vicente Paulino e família Gonzaga, família dona Betinha, do Cajueiro. Antônio Flor… E muitos outros compadres e amigos de verdade que geralmente se reuniam em nossa casa em períodos de festejos e diligências de Divino Espírito Santo Consolador de Matões. Em Caxias, era amigo do Cristino Cruz, Lindô Coelho, Seu Dá, Dico Assunção, elesbão, inclusiva em relações comerciais nas transações de arroz, algodão e coco babaçu. Em Timon também havia muitos amigos de nossa família.

Meu pai gostava muito de pescar caçar, quando isso ainda era praticada como lazer (antes do Ibama). Foi no Infinito que eu vivia feliz e não sabia. Logo fui mandado para estudar em Matões e Teresina na casa de meu tio arquiteto José Pessoa. Também para o Irajá com meu avô Raimundo Pessoa.

Nos finais de ano sempre era preparada uma grande festa. Um salão era construído e após a missa com o padre Delfino pároco de desses municípios, com a presença de comunidades da adjacência. No terreiro os ambulantes e suas bugigangas como: pente, espelho, agulha, boneca de terceira qualidade, carrinhos de plástico… e ainda corrida de cavalo, entre outras atrações. Era esperada a festa, o forró. Meu pai gostava de novidade e nas grandes festas trazia de Caxias o seu grupo preferido: Hermogenes e seu conjunto. Com ele vinha como especial, só para convidados o grande Siqueira que após ser regado de wisque e churrasco entoava lindas canções com sua viola. Era o máximo para os amigos no quintal de casa. Apesar disso eu perdia meu tempo na banca do sr. “Lôro” ambulante do povoado São João que acompanhava as diligências e tinha o aval liberado pelo nosso pai para adquirirmos produtos, porém só queríamos mesmo a raspadinha (raspá de gelo com suco de refresco).

Finalmente, às sete da noite era iniciada a festa com um leilão sortido com pernil assado, capão cheio, assado de forno, bolos e muitas iguarias que dava água na boca. Tudo de bom.

Entretanto, a única coisa que me deixava triste era pelo fato de passar o dia naquelas atividades e nunca conseguia acompanhar o baile. Cansado, por volta das 22h ou no máximo às 23h eu já estava no fundo da rede. Ainda dava pra ver a composição do conjunto e depois entendi, era Hermogenes no violino, o Robertinho no acordeon, o Moura na bateria e o Alberto que moravam em Caxias no Baixo. Todos irmãos.

Mas o que me agradava era despertar na madrugada e ouvir o belo som do instrumento do mestre Hermogenes.

Ficava ouvindo maravilhado e como numa canção de ninar, logo voltava a dormir. Quando acordava pela manhã corria para o salão mas, só encontrava cadeiras, mesas e casco de cerveja vazios. Todos já tinham voltado para suas casas porém, o que me restava era a lembrança de momentos felizes da infancia. Depois o patriarca resolveu sair para morarmos em Caxias, mas antes estivemos no Espírito Santo, hoje Senador Alexandre Costa, na cidade de Buriti Bravo e no povoado Paiol do Centro no Municipal de Parnarama local em que Zuzu foi delegado de polícia. Parabéns Caxias.

*Alberto Pessoa –

Alberto Juracy Pessoa Sobrinho

Nasceu em 02/12/1961 no povoado Bom Jardim 1° Distrito de Caxias-MA

Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo – Anhanguera – Brasília.

Licenciatura Plena em Geografia -Universidade Estadual do Maranhão -UEMA.

Participou:

Técnico em Fotografias

I Congresso Estadual de Rádios Comunitárias do Estado do Maranhão

I Encontro de Diretores de Jornais do Interior – ABRAJORI-DF

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

Repórter – Jornal Tribuna do Brasil – DF

Assessor de Comunicação da Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás

Assessor de Comunicação – Gerência de Estado do Leste Maranhense-MA

Repórter – Jornal O Pioneiro

Diretor / Editor – Jornal Edição Extra

Jornal Folha de Caxias – Editor

Redator de texto (telejornalismo)- TV Paraíso Caxias-MA

3°colocado no prêmio Assis Chatobriand de Redação 1992- Fundador da Revista Nova Imagem- Nacional.

Sobre o autor
Alberto Pessoa
Alberto Pessoa
Jornalista, fundador da Revista Nova Imagem.
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