No Tribunal de Contas do DF,
Um fato veio a soar.
Gratificações volumosas
Resolveram aprovar.
Retroativas por cinco anos,
Uma conta de espantar.
Setecentos e oitenta mil,
Cada um vai receber.
Com um salário de luxo,
E o patrimônio crescer.
Enquanto o povo padece,
Sem nada para comer.
Foi numa sessão ligeira,
Trinta segundos bastaram.
Na véspera do recesso,
Todos logo concordaram.
E as cifras milionárias,
Ali já se carimbaram.
Justificativa foi
Do trabalho a exercer.
Processos e muitas funções,
É necessário manter.
Mas o povo se pergunta,
Será que é pra valer?
O Instituto OPS,
No ato se manifestou.
Disse que era absurdo,
O que se deliberou.
E ao Ministério Público,
O caso encaminhou.
“Mais um penduricalho”,
Disse o instituto a falar.
Que ultrapassa o teto
E o STF vem a igualar.
Retroativo ainda é pior,
É difícil de aceitar.
Aposentada alertou,
O grande açodamento,
Perguntando o porquê,
Dessa pressa no momento.
Legalidade duvidosa,
Isso nos causa tormento.
Já para os conselheiros,
Decisão foi natural.
Um terço a mais no salário,
É benefício real.
Mas quem sustenta a conta,
Sofre no bem social.
Foi bem antes do recesso,
Tudo ficou acertado.
Sem alarde, bem discreto,
O tema foi aprovado.
E o povo só descobre,
Quando o ato foi selado.
Se é justiça ou desmando,
Cabe a cada um pensar.
Mas o que é certo e claro,
Há muito a questionar.
País das desigualdades,
Há muito pra remendar.
Enquanto um ganha fortuna,
Outros lutam por viver.
A balança é desonesta,
Nunca pára de pender.
Mas quem está no comando
Sempre acha o que fazer.
Que a justiça seja feita,
E o caso venha a julgar.
Pois ao povo que trabalha,
Cabe também desfrutar.
A ética deve ser igual,
Para a ordem equilibrar.
Raimundo Sobrinho
Poeta Cordelista