MORREU ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO

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O caxiense Antônio Augusto Ribeiro Brandão, 88 anos, faleceu agora à noite, em São Luís (MA), onde residia, de causas naturais, conforme comunicado de seu irmão, Frederico Brandão. Laureado economista e distinguido professor universitário, foi membro da Academia Caxiense de Letras.

Em 2021, no dia em que ele completava 87 anos, escrevi o texto acima sobre o ilustre Conterrâneo — de que ele tanto gostou que solicitou autorização — desnecessária — para ele reproduzir.

Que da Eternidade Antônio Augusto Brandão vele pelos Familiares e Amigos que ainda resistem neste lado de cá da Vida.

Condolências aos Familiares.

EDMILSON SANCHES

Abaixo, o texto que escrevi em 2021, no 87º aniversário de Antônio Augusto Brandão.

*

8 de novembro de 2021

ANTÔNIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO, CAXIENSE, 87 ANOS

—- Economista, ele sabe a diferença: preço, dá-se a coisas; valor, a pessoas. Ele é de valor.

*

No ano de 1934 o Brasil ganhava uma nova Constituição e Getúlio Vargas ganhava um novo mandato à frente do País.

O ano de 1934 também foi pródigo em dar ao mundo gente de muito nome e renome, futuros reis, presidentes, advogados, políticos, escritores, estilistas, artistas, economistas…

O sol daquele 1934, que se tornou noite eterna para gigantes da Literatura Brasileira que nem o caxiense Coelho Netto e o humbertuense Humberto Campos, iluminou os primeiros momentos de vida de gente como francesa Brigitte Bardot e a gaúcha — de raízes maranhenses-caxienses — Glória Menezes, o italiano Giorgio Armani, a paraibana Luíza Erundina, o americano Carl Sagan…

Naquele ano, há 87 anos, nasciam economistas de grande talento, entre eles o paulista e paulistano Luiz Carlos Bresser-Pereira (que foi ministro da Fazenda, ministro da Administração e Reforma do Estado e ministro da Ciência e tecnologia do Brasil), e o caxiense Antônio Augusto Ribeiro Brandão, que, neste 2021, conta seus 67 anos de formação em Economia com o orgulho sadio e humilde de ter compartilhado seu maior patrimônio — o saber — com gentes das várias regiões do Brasil e, para além do Atlântico, mentes ávidas e atentas do Velho Mundo, a Europa. Que o digam aqueles que ouviram o conterrâneo Antônio Brandão na quase bicentenária Université Lumière Lyon (França) e na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que neste 2021 completou 731 anos. Instituições centenárias que se renovam a cada instante pelo Conhecimento.

É esse caxiense, autor de vários livros e incontáveis textos, deles vertidos para outros idiomas, é esse conterrâneo de fala pausada e mansa que completa neste 8 de novembro 87 anos. Muitos dos que junto com ele abriram os olhos em 1934 não estão mais neste plano. Para a glória e graça da Família Ribeiro Brandão, Antônio Augusto mantém-se saudável, lúcido e produtivo, e fazendo desafios — como um novo livro, biográfico, acerca dos rastros de talento e trabalho, família e feitos, realizações e incompletudes que o integram como homem íntegro.

Professor, autor, palestrante internacional, cidadão viajado pelo mundo, certamente há muito para ele contar e muito para se saber das coisas que viu e fez e das causas que iniciou e defendeu. Mais que um livro, 87 anos são, no mínimo, uma enciclopédia inteira…

A vida de uma pessoa é, antes, durante e depois, a soma de preciosos instantes de vida de muitas pessoas. A história de alguém é resultado da interação com a história de muitos outros alguéns. Para ficar em um só exemplo, Antônio Augusto Ribeiro Brandão lembra do avô materno, que lhe deu um dos sobrenomes e segundo prenome e que completou 81 anos de falecimento em agosto de 2021. O neto Antônio ainda conviveu cerca de seis anos com o comandante Augusto do Espírito Santo Ribeiro, que dirigia o barco Itapecuru, a vapor, e transportava pessoas e bagagens, mercadorias e sonhos na linha que ia de Belém, no Pará, a Recife, em Pernambuco, com escala na capital maranhense, São Luís.

Destemido, intrépido, o velho comandante Augusto colecionou histórias e ajudou a fazer uma delas à frente de seu barco: ele abrigou um governador maranhense e sua comitiva, expulsos do Palácio dos Leões, a sede do governo, pelas então forças revolucionárias.

A esse calejado comandante que tinha no nome Espírito Santo se uniu um ser também celestial: Nadir Celeste Ribeiro Brandão. Dª Nadir casou-se com o comandante Augusto e da feliz união nasceu Antônio Brandão, o primogênito, que veria nascerem mais nove irmãos: Frederico José, Rosa Maria, Maria Laura (falecida), José de Ribamar, Ângela Maria, João de Deus, Cenira Maria, Antônio Brandão Filho e Luiz Gonzaga (falecido).

Por sua vez, Antônio Augusto Ribeiro Brandão conheceu Conceição de Maria Soares Brandão, filha de tradicional família caxiense. Tiveram quatro filhos: Marcos Augusto, Márcio de Jesus, Mônica Regina e Antônio Brandão Neto. A família se ampliou com a chegada de cinco netos (Ciro Augusto, Camila Maria, Hugo, Ingrid e Davi), mas viu partir Dª Conceição há oito anos, em 13 de fevereiro de 2013. Sempre pioneiras e intimoratas, as mães preferem ir à frente, pois se, na Terra, romperam o próprio ventre para dar à luz os filhos, querem chegar à Eternidade para prepararem o caminho dos Céus aos que ficaram.

Com a verve próprio dos talentosos caxienses, Antônio Brandão maneja as palavras como sabe calcular números — bem. As palavras são de um cronista nato e contam sua vida com riqueza de memória. É Antônio Brandão que me repassa o que chamou de “uma historinha ainda viva em minha lembrança”. Ele escreve:

*

“No início dos anos 40 do século passado, meu pai novamente prefeito de Picos (atual Colinas – MA) embarcou a família em um ‘batelão’ puxado rio acima por uma lancha comandada pelo José Maria Machado. Minha família residia então no Largo da Matriz, em uma casa de calçada alta que ainda existe até hoje, quase ao lado de onde funcionou a Casa das Modas, umas das lojas do senhor Alderico Silva, um dos meus padrinhos de casamento com minha já falecida e querida esposa, Conceição, ele e dona Dinir, no dia 28 de janeiro de 1961, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, em Caxias.

“Chovia muito no final da tarde daquele longínquo dia! Já éramos cinco irmãos (fomos dez e, agora, somos oito). O senhor José Delfino da Silva, grande comerciante e exportador que pontificou na ‘Princesa do Sertão’, ao volante do seu automóvel cor de vinho, em cor vermelha reluzente, foi-nos deixar até à beira do rio [Itapecuru], para o embarque. Seguimos rio acima, de águas então caudalosas e cheio de cachoeiras, naquele enorme ‘batelão’ (papai, usando a sua criatividade, transformara aquele espaço rústico sobre tábuas em verdadeiro apartamento com forro e armadores para redes). A viagem durou praticamente uma semana, com paradas para pernoites.

“Em uma dessas paradas, à noitinha já, chovia muito no local conhecido como Almeida, se bem me lembro, e todas as crianças foram carregadas pelos braços do José Maria Machado até a casinha onde dormimos.”

*

O relato acima é parte de memória e de texto já escrito por Antônio Augusto Ribeiro Brandão. O trecho serviu para ilustrar uma das muitas e boas amizades entre famílias caxienses — neste caso, a de José Maria Machado e a de Antônio Brandão. Diz o economista e autor caxiense: “Acho que contei sobre essa viagem ao José Maria, filho, e tive a ventura de ainda rever o pai dele já meio com a visão prejudicada, em uma das minhas idas a Caxias e quando ele ainda residia na rua Gustavo Colaço, perto dos Tadeu. Fiquei com vontade de contar essa historinha também a você [Edmilson Sanches], que tem sido atencioso e cordial comigo. Abraços ao José Maria Machado Filho, fiador dessa antiga amizade.” E finaliza: “Espero que possa fazer o melhor uso dessas confidências. Faz parte da minha biografia, que estou tentando terminar de escrever. […] Falta muita coisa e desejo que possa ser meu próximo livro.”

O caxiense Antônio Augusto Ribeiro Brandão já lançou quatro livros, no Brasil e no exterior, nos anos de 2007, 2012, 2015 e 2019. As obras desse caxiense de boa cepa e grande talento tanto integram o acervo de reconhecidas instituições de ensino superior do Brasil, como a Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (onde Antônio Brandão fez mestrado), quanto podem ser localizadas em grandes bibliotecas de vários países: em Paris e Lyon, na França; em Salamanca, Espanha; em Portugal, em Póvoa de Varzim e em Coimbra, na Universidade onde estudou outro Antônio, o Gonçalves Dias; e nos Estados Unidos, na portentosa Biblioteca Pública de Nova York, em uma das esquinas da 5ª Avenida, bem no coração de Manhattan.

Meu confrade na Academia Caxiense de Letras, Antônio Augusto Ribeiro Brandão, como excepcional talento na Economia, sabe exatamente qual o patrimônio que formou ao longo de 87 anos. Sabe a diferença entre bens tangíveis e intangíveis. Sabe o que em seu patrimônio tem preço e sabe, sobretudo, o que nele é valor.

Preço dá-se a coisas.

Valor, dá-se a pessoas.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão é homem de valor.

*

Parabéns neste 8 de novembro de 2021 e em cada dia nos muitos anos que ainda hão de vir.

EDMILSON SANCHES
[email protected]

Fotos: Antônio Augusto Ribeiro Brandão com a namorada e futura esposa, Conceição, no Rio, em 1957. O autor e um de seus livros (o último que escreveu e lançou, foi uma autobiografia — que ele me convidou para colaborar, mas terminou levando por si próprio o projeto). Vê-se ainda Augusto Brandão ao microfone, em sessão na Academia Caxiense de Letras, onde, sentado à Mesa (de camisa azul), eu o escutava.

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