ELE FARIA HOJE 93 ANOS

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ARTHUR ALMADA LIMA FILHO.

A Estação Ferroviária em Caxias estava abandonada, ruindo. Um caxiense, Arthur Almada Lima Filho, resolveu “comprar briga”. Investiu tempo, talento, paciência e, entre outros recursos, capacidade de luta e de gestão e recuperou o prédio e o transformou na portentosa e orgulhosa sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), que Arthur fundou e dirige.  Atualmente, como resultado de outra arrojada empreitada de Arthur Almada, após convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Instituto caxiense está passando por notável reforma e redesenho de seus três grandes prédios e áreas circunvizinhas, que se beneficiarão de grande e bela reurbanização.

O passado só ainda está presente e somente terá algum futuro se dele tiverem cuidadores como o Desembargador Arthur Almada Lima Filho. 

Falecido em 27 de outubro de 2021, exatos dez dias após completar 92 anos, em 17 de outubro de 2021, aquele renovado Arthur sentava-se à sua távola quadrada e pequena no, à época, remoçado prédio da Estação Ferroviária, cuidava de aspectos da gestão do Instituto e aplicava-se a ler, estudar, pesquisar, escrever, quase sempre sobre fatos históricos de Caxias. 

Anatole France, escritor francês (1844–1924), disse que “(…) o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar a nossos aborrecimentos diários”, pois “o presente é árido e turvo; o futuro, oculto”. É o caso de Arthur Almada Lima Filho, que gostava de passear no passado de Caxias, e o fazia sem aborrecimento, pois o passado caxiense era, para ele, desafio e combustível, era mister e mistério de arqueólogo, que se vai descobrindo camada a camada, limpando as contaminações, rearrumando em ordem lógica e escrevendo até a leitura e documentação final.

O paulista Eduardo Paulo da Silva Prado, igualmente ao Arthur, era homem do Direito e escritor; também acadêmico, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Viveu só 41 anos, tempo bastante para, entre seus amigos, contarem-se, entre outros, portentos literários e intelectuais como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Eduardo Prado escreveu: “Certamente o homem deve viver no seu tempo, mas a tendência para a contemplação do passado é um dom nobilíssimo da sua alma”.

Mais do que contemplar, Arthur Almada Lima Filho, no caso do passado de Caxias, contribuiu para organizá-lo, trazê-lo ao presente, para garantir-lhe algum futuro. Como constatou o filósofo e poeta francês Paul Valéry, 154 anos de nascimento em 30 de outubro de 2022: “O passado (…) age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”.

Em geral, Caxias pouco sabe dos esforços e da história, das lutas, lides e lidas desse Arthur Filho, filho caxiense que, à maneira de Bilac, amou “com fé e orgulho” a terra em que nasceu. Juiz de Direito, desembargador, vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, presidente da nascente universidade estadual maranhense, é citado no prestigioso e internacional “Who’s Who”, seus votos como jurista são transcritos em obras de Direito, tem seu nome na testada de prédios públicos, seja em fórum, seja em escola no Maranhão adentro, tais os méritos que a sociedade maranhense quis reconhecer e homenagear. Ex-reitor da UEMA, autor de livros, pesquisador infatigável, magistrado intimorato, honrou o nome e o ofício do pai e o conceito da família – família que, no passado e no presente (e, pelo visto, para o futuro também), legou tanta gente inteligente para Caxias, para o Maranhão e o Brasil. 

Pelos feitos que fez, certamente não morreu sem ter conquistado aquela “vitória” a que se referia o educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século 19): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”. 

Arthur e eu somos/fomos conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias — e lutadoras — hostes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), da Academia Caxiense de Letras (ACL), da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (Asleama) e do Rotary Club. E aí não estávamos apenas para estar ou ser, mas para fazer.

Era preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. Era preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias, ou informações e dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano. 

No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra (“Efemérides Caxienses”) em que o pesquisador Arthur Almada Filho organizou, sintetizou e sistematizou nomes e eventos do passado, com dados e datas da História caxiense e pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como dizia o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: “Sem a História de Caxias, não há História do Brasil”. E, com ardor e energias moças, já escrevia e organizava novas obras de fôlego, como um livro de perfis biográficos, que ele lançou, e um avançado “Dicionário Biobibliográfico de Autores Caxienses”, cujo arquivo digital Arthur me enviou, para futura revisão, ampliação e edição. Seu livro de perfis biográficos, adequadamente intitulado “Perfis”, Arthur escreveu, mandou imprimir e, na data prevista para lançamento, em 2019, sem dizer nada, não lançou o livro… para permitir que um convidado, colega escritor, de outra cidade, pudesse lançar sua obra no auditório do IHGC. Gestos assim são cada vez mais raros, pois nada impedia  —  a não ser a bonomia arthuriana —  que os dois livros fossem lançados na mesma noite. Há outros livros inéditos, a organizar e lançar, como o “Breve Graça”, com pequenas e muitas das vezes bem-humoradas  histórias e historietas, casos e “causos”…

É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que, em paragens celestes, aniversaria neste 17 de outubro de 2022: nada menos do que 93 anos que fizeram valer a pena o dom da Vida recebido e da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.

Esse caxiense de boa cepa sabia, já há muito tempo, mas, sobretudo, à altura de seus últimos anos de vida, que, como ele, muitos de nós, neste jogo da existência, temos mais passado que futuro. E disto nem ele nem nós temos receio. Pois, para nós, para gente do naipe de Arthur Almada Lima Filho, o passado nos fortalece.

Como no dizer do poeta e dramaturgo francês Henry Bataille (1872—1922):

“O passado é um segundo coração que bate em nós”.

Parabéns e, aí pelos Céus, feliz aniversário, Arthur. 

Que na Eternidade em que você repousa, continue a zelar pelos Familiares e Amigos que ainda teimam resistir neste lado de cá da Vida.

Luz e paz, Conterrâneo (de Caxias),

Colega (de pesquisas e escritas),

Parceiro (de ideias e ideais),

Confrade (de Academias)

e Amigo de sempre.

EDMILSON SANCHES

[email protected]

www.edmilson-sanches.webnode.page

Fotos: Arthur Almada Lima Filho e alguns de seus livros. A sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias.

Pelos feitos que fez, certamente não morreu sem ter conquistado aquela “vitória” a que se referia o educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século 19): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”.

*Arthur e eu somos/fomos conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias — e lutadoras — hostes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), da Academia Caxiense de Letras (ACL), da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (Asleama) e do Rotary Club. E aí não estávamos apenas para estar ou ser, mas para fazer.

Era preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. Era preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias, ou informações e dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano.

No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra (“Efemérides Caxienses”) em que Arthur Almada Filho organizou, sintetizou e sistematizou nomes e eventos do passado, com dados e datas da História caxiense e pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como dizia o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: “Sem a História de Caxias, não há História do Brasil”. E, com ardor e energias moças, já escrevia e organizava novas obras de fôlego, como um livro de perfis biográficos, que ele lançou, e um avançado “Dicionário Biobibliográfico de Autores Caxienses”, cujo arquivo digital Arthur me enviou, para futura revisão, ampliação e edição. Seu livro de perfis biográficos, adequadamente intitulado “Perfis”, Arthur escreveu, mandou imprimir e, na data prevista para lançamento, em 2019, sem dizer nada, não lançou o livro… para permitir que um convidado, colega escritor, de outra cidade, pudesse lançar sua obra no auditório do IHGC. Gestos assim são cada vez mais raros, pois nada impedia — a não ser a bonomia arthuriana — que os dois livros fossem lançados na mesma noite. Há outros livros inéditos, a organizar e lançar, como o “Breve Graça”, com pequenas e muitas das vezes bem-humoradas histórias e historietas, casos e “causos”…

É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que, em paragens celestes, aniversaria neste 17 de outubro de 2023: nada menos do que 93 anos que fizeram valer a pena o dom da Vida recebido e da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.

Esse caxiense de boa cepa sabia, já há muito tempo mas sobretudo à altura de seus últimos anos de vida, que, como ele, muitos de nós, neste jogo da existência, temos mais passado que futuro. E disto nem ele nem nós temos receio. Pois, para nós, para gente do naipe de Arthur Almada Lima Filho, o passado nos fortalece.

Como no dizer do poeta e dramaturgo francês Henry Bataille (1872—1922):

“O passado é um segundo coração que bate em nós”.

Parabéns e, aí pelos Céus, feliz aniversário, Arthur.

Que na Eternidade em que você repousa, continue a zelar pelos Familiares e Amigos que ainda teimam resistir neste lado de cá da Vida.

Luz e paz, Conterrâneo (de Caxias),

Colega (de pesquisas e escritas),

Parceiro (de ideias e ideais),

Confrade (de Academias)

e Amigo — de sempre.

EDMILSON SANCHES
[email protected]
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Fotos: Arthur Almada Lima Filho e alguns de seus livros. A sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias.

Sobre o autor
Alberto Pessoa
Alberto Pessoa
Jornalista, fundador da Revista Nova Imagem.
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