RETALHOS DA HISTÓRIA

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Escritor contesta mudança na data de aniversário de Matões, Maranhão

Alberto Pessoa

(novaimagemrevista.com.br)

A despeito da lei municipal que fixou a data de 1° de janeiro como aniversário  da cidade de Matões, Maranhão o professor, escritor matoense Chico Grude divulgou as seguintes considerações:

– Gostaria de pedir permissão  aos leitores, para comentar sobre o tema: Aniversário  da Cidade de Matões.

Gostei imensamente da homenagem prestada pela professora Maria José, nossa Confreira da AML referente  ao aniversário  da cidade. Na verdade, nunca concordei com o tal Projeto de Lei que instituiu a data do aniversário da cidade   de Matões como 1° de janeiro, data esta, que  já é Feriado Nacional.

O que acontece é que em Matões as pessoas  agem muito por emoção, para  promover-se ou agradar as  autoridades, quando trata-se da cultura e história  do Município, que não  é  o caso da colega Confreira da AML, sua homenagem é  válida e louvável a sua criatividade e arte de escrever. O que aconteceu em Legislatura anterior  que alguns vereadores por engano ou falta de conhecimento da nossa História  apresentaram tal Projeto de Lei instituindo o dia 1º Janeiro como aniversário  da Cidade  de Matões. Vejamos: se fossemos  considerar a data da povoação de São  José, hoje Matões  teria 294 anos; outra data, de doação de uma légua e meia quadrada de terra para  edificação  da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Padroeira, em fevereiro 1818. A Resolução  Régia de 19 de abril de 1833, criava a Vila de São José  dos Matões.

A Lei número  07 ,de 29 abril de 1835 confirmou a criação  ou Emancipação da Vila, termo  de São José dos Matões; a Lei número  13 de 8 de maio de 1835, criou a Freguesia de São José dos Matões  com abrangente área de mais de 8 mil km quadrados, pois, não existia Timon, Parnarama  e Lagoa do Mato. A transferência da cabeça do nosso Município  para São José da Parnaiba, foi pela Lei 386 de 30 de junho de 1855 e em seguida  anulada, retornando e com a Lei 656 de 6 junho de 1863 volta a categoria  e autonomia de Vila, com outra Lei em 1863. Em 31 de outubro de 1864 torna a transferir  a cabeça  do Município ou seja a sede de novo, para São José das Cajazeiras (Timon) e somente  com o falecimento  do Presidente  da Província do Maranhão, assumiu o vice-presidente Dr.José da Silva Maia. Aí conseguimos a nossa autonomia  de volta com a Lei 880 de 4 de junho de 1870. Mas, somente com a reforma  do estado brasileiro 1938/40 passamos a categoria  de cidade de São José dos Matões.

Depois de tantas transferências, com idas e voltas, foi eleito o primeiro  prefeito  constitucional após a ditadura de Vargas em 1947. Lauro Barbosa que além  de mudar o nosso topônimo, transferiu novamente  a sede do Município de São  José dos Matões com o novo nome de Parnarama dia 31 de março de 1949 assim fomos transformado e viramos simples  povoado. Tal lei 128 de 17 de setembro  de 1948.

Finalmente sem a égide  do Santo, São José a Lei 849  de 30 de dezembro  de 1952 foi desmembrado de Parnarama, criando o município de Matões. Conforme  os anexo das Leis  deveria ser revogado o Decreto que instituiu data do aniversário de MATÕES, para 29 de abril. Considerando  a data certa da primeira Emancipação  Política  da cidade; e pela vitória do Tenente  Roberto José Moura contra a tropa do Major Fidié  em Santa  Luzia na Madrugada de 29 de abril de 1823.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Foram os padres jesuítas os primeiros a penetrarem nos sertões do Maranhão, vindos da Bahia, atravessaram o rio São Francisco e o Piauí no começo do século XVII, acompanhando os índios afugentados da costa que escapavam do massacre ou escravidão dos colonizadores portugueses. No rastro dos jesuítas, na sua missão pacificadora de catequese dos silvícolas, vinham os homens incumbidos de devassar os sertões na descoberta do ouro e estudarem o rumo e o curso dos rios.

Foi assim que, em 1659, Vital Maciel Parente, vindo de Pernambuco, chegou ao rio Parnaíba e navegou muitas léguas depois de ter massacrado os índios Tremembés. Alguns atravessaram o rio Parnaíba. “Em 1685, João Velho do Vale continuou os estudos de Vital Maciel Parente, escrevendo um livro (hoje extraviado) confirmando o descobrimento do rio Parnaíba”, afirma Raimundo Carvalho Guimarães (Buriti Bravo, Nesga do Sertão, 1908).

Nessa época, as rotas de acesso ao sítio São José já se encontravam trilhadas em virtude das consecutivas viagens dos boiadeiros e colonizadores que vinham da Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e do sul do país com destino a Aldeias Altas, centro comercial às margens do rio Itapecuru e acesso a São Luís por via fluvial. O sítio São José, por ser perto do rio Parnaíba e de encontros de caminhos pela passagem de Santo Antônio e Pastos Bons, passou a servir de pouso obrigatório dos viajantes.

Segundo alguns historiadores, passaram nessas trilhas (caminhos do gado), em 1662, os bandeirantes Domingos Jorge Velho, João Velho do Vale (expedição de 1697, percurso Bahia a Maranhão), Jesuíta Gabriel Malagrída, Pe. Antônio Dias, os naturalistas Spix e Dr. Martius, o governador e capitão-general Joaquim de Melo e Povoas. Todos os governadores do Piauí em viagens de posse e retorno passaram por ali, um deles, Dom Francisco d’Éça e Castro, indo tomar posse da Capitania, morreu na passagem de Santo Antônio (Rio Parnaíba) e foi sepultado em Aldeias Altas, em 1789 (MELO 1986, p.17). O Major Paulo Ribeiro cruza o território matoense no dia 03/04/1815 em viagem de reconhecimento a toda a província, conforme consta no roteiro da viagem que fez às fronteiras da Capitania do Maranhão e de Goiás no ano de 1815, em serviço de S.M.: “Aos vinte e três dias do mês de fevereiro de mil e oitocentos e quinze (1815) embarquei no porto da cidade do Maranhão, metrópole desta Capitania, encarregado de ir fazer, como primeiro comissário por parte do seu governador e capitão-general, a sua divisão limítrofe central com a Capitania de Goiás, a que El Rei, nosso Senhor, mandou proceder pelo seu régio aviso de 11 de agosto de 1813. A 25 entrei na foz do rio Itapecuru, 16 a 18 léguas, dia 21 do dito mês em o porto da vila de Caxias, percorrendo 118 léguas de São Luís a Caxias, dia 23 de março, dei princípio à viagem por terra, que irei circunstanciando para dar uma ideia do país onde andei. Dia 30 de março, andei três léguas entre os rumos leste e oeste, até o pequeno sítio do Rosário. Dia 31 de março, andei seis léguas entre rumos sul, leste-sudeste e leste, Campos agradáveis e parte de um cordão de buritizal minado de águas excelentes, encontrando neste caminho o sítio do Riachão, e fiquei na feitoria Sucurujú, pertencente aquele Francisco de Moura Queirós. Nele me demorei um dia, arrumando cargas. Dia 2 de abril, viajei cinco léguas e meia, rumo sudeste e sudoeste. Passei a estrada da passagem Santo Antônio, o lugar do Bonito, e fiquei por noite no lugar Espora. Dia 3 de abril, viajei quatro léguas nos rumos sudeste, Paranaguá-PI em direção à dita povoação de Aldeias Altas, rasgando a região do sertão maranhense que divide as águas do médio Parnaíba e médio Itapecuru”.

Nas últimas décadas do século XVIII ao começo do XIX, São José ganharia certa importância.

Na época das lutas pela adesão do Maranhão à Independência, período de 1822 a 1823, São José foi temporariamente um pouso das tropas ligadas ao comandante português João José da Cunha Fidié após suas jornadas no Piauí, de onde ainda se considerava o Governador das Armas. Em 1823, nessa povoação de São José proclama-se a adesão do Maranhão à Independência após a expulsão do próprio Fidié. Anos mais tarde, em 1833, é criada a vila e município de São José dos Matões, por Resolução Régia de 19 de abril de 1833, “confirmada pela Lei Provincial de nº 7, de 29 de abril de 1835”, que divide a província em comarcas e termos. A propósito, esta Lei Provincial nº 7 dispõe:

Art. 2º § 6º

1º. O Termo de Caxias compreenderá o território que ora tem, menos o que se desmembra para os Termos do Urubu e São José.

3º. O Termo de São José compreenderá o território que vai de Porto Alegre na beira do rio Itapecuru até o corrente e seguirá pelo termo de Pastos Bons até lugar da vargem do rio Parnaíba, descerá por este até a Barra das Pombas, cuja entrada seguirá até o Buriti do Meio e D’ahia à Gameleira, donde em linha recta irá ter a Porto alegre.

Art.10

Fica confirmada a criação das Vilas de São Bento, Mearim, Rosário, Iguará, São José, Urubu e Riachão (LIMA, 2004:79).

A fundação da cidade de Teresina na margem direita do rio Parnaíba e a transferência da capital do Piauí para a mesma (CM. 1852) terá significativa influência na vida econômica e política de São José dos Matões. Do ponto de vista econômico, logo passaria a ser um entroncamento das estradas de boiadeiros vindos dos altos sertões maranhenses e que agora demandavam à nova capital do Piauí e à nova povoação-porto das Cajazeiras (hoje Timon).

Do ponto de vista político, a primitiva povoação-vila e termo de São José dos Matões perde seus atributos de sede municipal (Lei Provincial 386, de 18 de julho de 1855) uma vez transformada em vila a povoação-porto das Cajazeiras, que lhe substitui na jurisdição respectiva, tanto municipal, quanto judiciária. Cajazeiras torna-se oficialmente vila de São José do Parnaíba (diz-se “São José do Parnaíba” porque São José é o padroeiro de Matões, sendo trazido para a beira do Parnaíba). Matões volta, contudo, a ser sede municipal por força da Lei Provincial nº 656 de 6 de junho de 1863 e novamente perde essa categoria pela Lei Provincial 698 de 2 de julho de 1864. Em 4 de junho de 1870 (Lei Provincial de l880) recupera sua autonomia municipal, sendo constituído de vez enquanto município distinto do São José da Parnaíba, agora chamado de “São José das Cajazeiras”, na conformidade da sobredita 698. Diga-se mais, que para Matões voltou a imagem de São José, deixando, porém, seu nome e orago na igreja local das Cajazeiras, sendo até hoje o padroeiro de Timon. A denominação oficial de São José dos Matões se faz também por força dessa última lei provincial.

Em 1870, lembra César Marques que o município dividia-se em dois distritos, sendo um deles (com sede em São José) constituído de 18 quarteirões e o outro de 11 quarteirões (com sede na povoação Brejo São Félix), onde existiam “algumas casas de palha, poucas de telha e uma capelinha”. Ainda segundo esse autor, tinha o município no seu conjunto muitas casas de seco e molhado, algumas tendas de vários ofícios e artes, engenho para fabricação de cachaça e rapadura, alguns criadores de gado e muitos lavradores de arroz, algodão e mandioca. Sua população em 1860 era de 5.580 pessoas livres e 1.500 escravos (sendo 300 pessoas dentro da vila) e existiam 4 fontes: Olho-d’água, que supre a vila de água potável; Buritirana, para a lavagem de roupa; e mais duas onde os animais iam beber.

Viu-se acima que o município e a cidade atual de Timon nasceram com o sacrifício político e econômico da velha Matões.

PARECE SER SUA SORTE

Quase um século depois (no final dos 1940) outro movimento transfere-lhe a sede para a margem do rio Parnaíba e mais uma vez perde a velha povoação os predicados de sede municipal. Deste novo movimento de transferência de sede, acaba por perder mais da metade do seu território secular, agora para construir o atual município de Parnarama.

Em 1955, já recuperada sua autonomia, o IBGE calculou para o município de Matões uma população de 14.881 habitantes, vivendo numa área de 1.702 km² (já desmembrado de Parnarama).

Nos anos de 1950, a base da economia de Matões era o extrativismo do babaçu e a lavoura de arroz. Do babaçu foram produzidas, em 1955, 794.200 toneladas, num valor de Cr$ 6.353.600,00. Do arroz em casca 44.700 sacos de 60 kg, num valor de Cr$ 4.291.200,00.

Sobre a Matões de meados do século XX, assim se referiu o já citado Queiroz (1959, p.220): “Hoje, os boiadeiros e os tripulantes de balsas servem-se de meios de transporte mais modernos e de outras vias de comunicação (…). A velha Matões, isolada das correntes propulsionadoras de civilização e comércio, impedida de crescer por dificuldades de obtenção de água potável e de urbanizar-se pela topografia ingrata do terreno, é condenada. A 31 de março de 1949, inaugura-se nova sede municipal, à margem do Parnaíba. Matões, simples arraial de casas de palha, a viver apenas de suas duas festas religiosas anuais, volta a povoado”.

A LUTA PELA LIBERDADE

O Tenente Roberto Moura derrota as tropas do Major Fidié em Santa Luzia/Matões.No Século XIX, em São José dos Matões, distrito de Caxias (antigo São José das Aldeias Altas), um grupo de pessoas representantes daquela sociedade, liderado pelo bravo Roberto José de Moura, proclamou a Independência primeira na província do Maranhão. Não foram todas as famílias que participaram, pois existiam muitas fiéis a Portugal.

Esse acontecimento chamou a atenção do Governador das Armas do Maranhão, que procurou urgentemente mandar para a vila de Caxias tropas comandadas pelo Coronel Manoel de Sousa Pinto Magalhães, o qual se negou em marchar contra os independentes de Matões. Com isso, a Câmara de Caxias preocupada com o movimento que pretendia invadir a vila, convocou o Major Fidié que viesse em socorro de Caxias.

A liderança política de São José dos Matões (ou simplesmente São José) era exercida pelo português Roberto José de Moura, radicado na fazenda São Pedro, centro do seu Império.

Apesar do sangue lusitano que corria nas suas veias, ele acompanhava com interesse e entusiasmo os resultados do Grito do Ipiranga, proclamado no dia 7 de setembro do ano anterior, que culminou com a Independência do Brasil.

Influenciado pelos acontecimentos políticos que se desenvolviam no Piauí – quando cidadãos de Parnaíba (inicialmente) e de Oeiras (pouco depois) aderiram à causa separatista – também em Matões o Tenente Roberto José de Moura passou a defender os ideais independentes, constituindo-se o primeiro de tais objetivos no Maranhão.

Dias depois, a Vila de Caxias era informada de que uma facção do tenente Roberto José de Moura e seus seguidores haviam proclamado a independência e fizeram aclamar ao Príncipe Real D. Pedro I como Imperador do Brasil, obrigando os moradores do arraial a assinarem um papel onde juravam obediência a Sua Majestade, fazendo da bucólica povoação de São José dos Matões a primeira gleba do Maranhão a aderir à causa da Independência.

O coronel Manoel de Sousa Pinto Magalhães nomeou no dia 30 de março de 1823 uma expedição para que a mesma marchasse contra o arraial independente, entregando-a ao comando do capitão Joaquim Abreu Guimarães Picaluga. Na tarde desse mesmo dia, o coronel declara-se vítima de uma enfermidade e no dia seguinte embarca para São Luís. A tropa nomeada recusou-se a marchar sem o comandante e mesmo após várias explicações sobre o crime que acabara de praticar, não os convenceu a iniciar a viagem, alegando que os queriam meter nas bocas dos leões, em razão do número de independentes ser bastante superior ao de portugueses.

Assumindo o comando militar de Caxias, o major João José da Cunha Fidié tratou de enviar imediatamente uma tropa de 90 homens com o objetivo de punir os sediciosos de Matões e apreender o “caudilho separatista” tenente Roberto José de Moura. Temendo o comandante português que a tal tropa não fosse o suficiente para efetuar seus propósitos, uma segunda foi nomeada, composta de 160 homens.

Esta, porém, seguia mais vagarosamente, em virtude do volumoso material de campanha que conduzia, nele incluindo peças de artilharia. A primeira coluna, por sua vez, resolveu acampar na povoação de Santa Luzia, distante treze quilômetros do arraial independente, onde uniria a segunda e marcharia na travessia da mata que separava aquela localidade do foco matoense.

Teve, porém, o chefe brasileiro, tenente Roberto José de Moura, notícia do ataque projetado e tratou de prevenir-se mandando dois emissários ao comandante do presídio do Parnaíba, um dos quais acedeu prontamente o Poti: enviou-lhe um reforço de 400 homens sob o comando do capitão João da Costa Alecrim que seguiu a marcha forçada.

Apesar da presteza que se pôs em enviar os socorros, demoraram-se estes e, receoso da temível vizinhança, o tenente Roberto resolveu atacar os portugueses antes que engrossassem as fileiras com o esperado contingente. Não retardou mais o encontro. Na madrugada do dia 29 de abril de 1823 surpreendeu e principiou o ataque.

Os soldados de Fidié, entretanto, valendo-se da vantajosa situação em que se encontravam, principiaram um fogo mortífero que em poucos momentos causou grandes perdas aos adversários.

Estes se batiam sem apego à vida, sem temor pela morte, com a estupenda coragem de que tantas provas deram nesses dias.

Seria, porém, loucura continuar a ação. As boas cravinas do inimigo alcançavam à distância os nossos homens que mal se expunham abandonando o refúgio do tronco das árvores, sendo feridos.

Os portugueses atacavam de dentro da casa de João Francisco de Carvalho (convertida em fortaleza).

Era preciso desalojá-los por qualquer preço ou abandonar o campo da luta. A situação ia se tornando insustentável.

O que fazer?

O comandante brasileiro era um desses heróis obscuros, como tantos houve, extraordinários pelo arrojo, grandes pela corajosa serenidade, fortes pela vontade dominadora. Não confiou a um soldado a execução do plano que concebera. Se alguém deveria correr a uma morte quase certa, corresse ele, que o protegeriam, talvez, a audácia, a tranquila confiança, a absoluta indiferença pelo perigo. Tinha imaginado incendiar a casa de palha onde se escondiam as tropas. E foi. E incendiou.

Surpreendidos pelo incêndio, abandonaram-na. Então, precipitadamente, os portugueses iam sendo alvejados à medida que apareciam. E como chegou nessa ocasião o reforço comandado pelo capitão Alecrim, a derrota se completou com o pânico violento que tomou os soldados adversos.

Tamanha foi a impressão que causou esse desastre no ânimo dos representantes militares de Portugal.

Na Província, o reforço mandado por Fidié em vez de procurar a força primitiva, voltou para Caxias.

Logo Fidié se deixou influenciar, e convencido de que a vila seria bem depressa atacada, não mais cogitou de bater os independentes de São José. Pelo contrário, tratou em exclusivo de sustentar com valor a resistência.

Caxias tornava-se de agora em diante o ponto de convergência de todas as forças. Não era mais a afirmação da independência no Piauí o que se desejava: a luta abria-se em uma segunda fase, mais interessante, além das fronteiras da província.

Abdias Neves comenta ainda que:

Em São José, após o desbarato das tropas inimigas, arrastado pela ambição, muitas vezes durante a luta fascinou o Capitão Alecrim, convocara os oficiais e planejara um governo provisório que deixava não somente de ser subordinado ao governo do Piauí, mas governaria o Maranhão e acompanharia a sede das operações até que fosse instalado definitivamente em São Luís.

Tal ideia, porém, não foi à frente, após o combate de Santa Luzia, os independentes seguiram para Caxias via Buriti Cortado, fazendo alto a dez quilômetros daquela localidade, em uma povoação denominada Sucuru, onde o lendário Capitão Alecrim recebeu o ofício da junta que criava três divisões, nomeando-o comandante da segunda.

CERCO A CAXIAS

Em 19 de julho, fechou-se o cerco à cidade de Caxias, onde se encerraram todas as possibilidades de reação do major João José da Cunha Fidié, que ainda nutria alguma esperança de que Lisboa, via São Luís, pudesse encaminhar-lhe a ajuda militar da qual carecia. Contudo, novas tropas piauienses e cearenses continuavam a atravessar o rio Parnaíba, aumentando a força dos sitiantes.

Finalmente, na batalha circunscrita ao Morro das Tabocas, acabaram-se todas as esperanças dos portugueses de ainda fazerem retornar ao antigo domínio sobre Matões.

Em 21 de julho de 1823, rendeu-se Major Fidié com suas tropas. Então, na ata de rendição assinaram os principais participantes daquele episódio, até mesmo os derrotados chefes portugueses, também constou a presença do bravo tenente Roberto José de Moura; José Pereira Figueiras, general do Exército Auxiliador e Presidente; Manoel de Sousa Martins; Luís Pedro de Melo e César, secretário; Joaquim de Sousa Martins; Tristão Gonçalves Pereira de Alencar; Manoel Inácio Figueiras, major ajudante-de-ordem; Pe.

A BALAIADA

O revolto balaio no sertão maranhense atinge o território matoense.

Sonhos de liberdade sempre embalaram a alma do sertanejo. Os matoenses, mais uma vez, lutaram pela causa da liberdade. Foi assim na luta da independência, quando derrotaram os soldados milicianos da tropa do major Fidié e a proclamaram em primeiro lugar no Maranhão. Jamais cruzariam os braços na sangrenta luta da Balaiada em território matoense e deixariam de socorrer sua coirmã Caxias.

A Balaiada teve origem a partir de um incidente ocorrido na vila da Manga do Iguará no dia 13 de dezembro de 1838, quando o boiadeiro Raimundo Gomes Vieira Jataí (apelidado de “Cara Preta”), natural do Piauí – vaqueiro do Pe. Ignácio Mendes de Morais e Silva, cafuzo inteligente, semianalfabeto – ia, em fins de 1838, como de hábito, tangendo a boiada do patrão para fins de negócios nas praças do Maranhão.

Ao passar pela vila da Manga (hoje cidade de Nina Rodrigues), o subprefeito da localidade, cumprindo ordens de recolher homens para recrutamento, prendeu vários tangerinos (tocadores de gado) do vaqueiro do vigário e, não obstante, seus pedidos de liberação dos homens não foram atendidos. (Raimundo Carvalho Guimarães na sua obra Buriti Bravo, Nesga do Sertão, 1908).

Encolerizado, Raimundo Gomes, na companhia dos elementos que lhe restaram, informou ao subprefeito que no dia seguinte voltaria à Manga para libertar seus homens, incluindo seu irmão. O que realmente cumpriu a 23-12-1838. Abriu fogo cerrado contra a guarnição da vila, composta de 20 guardas nacionais, conseguindo arrebentar a cadeia e soltar não apenas os seus, mas todos os presos. Estava ateada a chama no estopim do barril de pólvora no norte do país.

Alastrou-se a revolta, atingindo o Piauí e Ceará. Caxias, cidade opulenta, foi por isso mesmo a mais visada, para ela convergiu os caudilhos rebeldes Raimundo Gomes, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, o Ruivo, Mulungueta, Pedregulho, CUT, Inácio Teixeira e Joaquim Silveira. A cidade que foi sitiada no dia 24-05-1839, resistiu à cobiça do saque e foi heroicamente defendida pelo Prefeito João Paulo Dias Carneiro.

Partiram da Vila de Pastos Bons na fúria da rebeldia revolucionária. Queimaram os troncos (antigo meio de tortura ou prisão dos escravos), tomaram casas que foram por eles saqueadas e incendiadas, assassinando moradores, conflagrando e assolando toda a região entre o alto Itapecuru e o Parnaíba. Assim, as vilas e povoados de Passagem Franca, Mirador, Picos, São João dos Patos, Barão de Grajaú, São José dos Matões, São Francisco, vila da Manga do Parnaíba, Nova Iorque, Almeida Del Rei e Buriti Bravo sofreram dos rebeldes – asseclas da Balaiada de Raimundo Gomes – a crueldade dos assassinatos, dos saques e roubos.

(MILTON, Coutinho. Subsídios para a História de Caxias das Aldeias Altas).

Antes, as forças de Manoel Clementino de Sousa Martins atravessaram o Parnaíba, batendo os bandoleiros em Manga, Veados e ainda os desalojados de Pastos Bons, Mirador, Passagem Franca e São José dos Matões.

Os choques registraram-se em todo o Maranhão oriental, ocorrendo combate em Formiga, Boa Vista, Mandacaru, Cajueiro, Pindoba, Lagoa do Carneiro e Buriti Cortado. Nessas localidades os governistas sofreram pesada derrota. Seguida de mais duas em Barro Vermelho e Bacaba.

Ainda no mês de agosto de 1839, as forças legalistas de Manoel Clementino apertam o cerco em Caxias, a partir de São José dos Matões, vindos de Passagem Franca e Pastos Bons. Mário Meireles chega a dizer que os rebeldes pareciam renascer dos próprios cadáveres, de sorte que nunca faltava. Em qualquer ponto do Maranhão oriental, a surgir de empeno duma moita ou dum regato, vale ou montanha, a figura sinistra do balaio abrindo fogo e ganhando o mato na mais terrível das guerrilhas lavradas em solo maranhense.

Estando a cidade de Caxias sob o assédio dos balaios, Francisco Dias Carneiro, esposo de Ana Francisca, convoca seus cunhados João Francisco e Regino de Carvalho (os mais velhos), mobilizando 500 homens, marcham sobre Caxias em socorro de seu pai, o Cel. João Dias Carneiro que, como prefeito do município, bravamente defendia a cidade sob o assédio dos balaios do caudilho Raimundo Gomes, abandonada sob a pressão de mais de 4.000 rebeldes.

Unindo-se aos homens do tenente coronel Francisco Sérgio de Oliveira, do major José Vicente e os do Amorim Bezerra, Francisco Dias Carneiro liberta Caxias no dia 24-01-1840, após sua chegada.

Os balaios fugiram em direção ao sertão. O caudilho ruivo, perseguido, procura resistir às forças de Francisco Dias Carneiro em Calenga, município de São José dos Matões (atual Parnarama), onde é batido com as forças combinadas de Dias Carneiro, seus cunhados e o capitão Paulino.

Novos combates são travados na passagem do riacho Tremedal, em Matões. Entre forças balaias, com 450 homens e o capitão Francisco Afonso Xavier com o contingente de 110 praças, resistindo há dois dias, quando chega, no dia 7-2-1840, o citado Francisco Dias Carneiro com 300 homens sob seu comando e desbarata os rebeldes.

Nesse passo das coisas, o vigoroso presidente do Piauí, Barão da Parnaíba, despacha de Oeiras o alferes Miguel Luiz Gonzaga e o ajudante Vitor de Barros e Silva com algum reforço, a fim de cobrir a ação do capitão piauiense Antônio de Sousa Mendes, que estava a enfrentar os balaios noutros setores. Chega, então, o pedido alarmante do prefeito João Paulo Dias Carneiro, em face do que as autoridades ordenaram ao alferes Miguel Gonzaga e o ajudante Vitor que virassem no rumo do Maranhão.

A pequena tropa seguiu para São José dos Matões, disposta a marchar rumo a Caxias. Infelizmente, pouco poderiam fazer, conforme se verá. O alferes Vieira, das tropas maranhenses que se achava em Matões, fora batido pelos balaios e se incorporou aos legalistas comandados por Vitor e Miguel, refluindo para o outro lado do Parnaíba.

Em 24-01-1840, findava o capítulo negro da ocupação da Princesa do Sertão, libertada do jugo dos assassinos e jagunços de Raimundo Gomes, Manoel Ferreira Balaio e Dom Cosmo. No dia 07-02-1840, assumia o governo da província o Cel. Luís Alves de Lima e Silva, após 14 dias da libertação da opulenta, culta, nobre e valiosa cidade de Caxias de Aldeias Altas. (NUNES, Odilon. Pesquisa para a História do Piauí).

PRIMEIRA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA COMO VILA, MUNICÍPIO E TERMO

Foi elevada à categoria de Vila, Município e Termo pela Resolução Régia de 19 de abril de 1833 e confirmada pela Lei Nº 7 de 29 de abril de 1835. Depois transferida a sua sede para a vila de São José do Parnaíba pela Lei nº 386 de 18 de junho de 1855. Ambas as leis foram decretadas pela Assembleia Legislativa Provincial e sancionadas por Eduardo Olímpio Machado, Presidente da Província do Maranhão.

Art. 3º. Elevar-se-á também a categoria de vila a povoação de S. José. Com denominação de São José do Parnaíba, e transfere para ela a cabeça do termo de São José dos Matões, cuja vila ficará também extinta e perderá sua autonomia política.

São José – Freguesia, município e vila. 20 léguas do distrito de Caxias, pelo parágrafo terceiro do artigo 1º da Lei Provincial nº 13, de 8 de maio de 1835.

Art. 1º.

Ficam criadas na Província do Maranhão as seguintes Freguesias, desmembradas das que presentemente existem.

§ 3º São José na Vila do mesmo nome, tendo por limites o termo da mesma vila.

Os limites da Freguesia compreenderam o território que ia do Porto Alegre – na beira do rio Itapecuru – ao corrente, seguindo pelo termo de Pastos Bons até o lugar da vargem do rio Parnaíba, descendo por este até a Barra das Pombas, cuja estrada seguia para o Buriti do Meio e daí à Gameleira, de onde, em linha reta, chegava ao Porto Alegre. O seu comprimento de Norte a Sul é de 4 léguas e de Leste a Oeste, de 20 a 25.

A vila de São José dos Matões com menos de duas décadas de sua criação, perde parte do seu território para a freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São José da cidade de Caxias (conforme Lei º 309 de 17 de novembro de 1851 e Lei º 337 de 23 de dezembro de 1853). Foram reduzidas três léguas às margens do rio Itapecuru e somente recuperando sua área em 1871 com a Lei 962 de 28 de junho de 1871, modificada através da Lei 1.132 de 19 de agosto de 1876 no seu Art. 1º, que determina que os limites entre a comarca de Caxias e de São José dos Matões devem ser entendidos e observados do seguinte modo:

Parágrafo 1º – A linha imaginária traçada entre os lugares determinados Gameleira e PortoAlegre, hoje conhecido com o nome de Porto do Padre no rio Itapecuru, passará seguindo a estrada pela fazenda Senhora do  Monte, São Bartolomeu e Trabalhosa.

Parágrafo 2º – Os lugares acima indicados ficarão pertencendo à Comarca de Caxias.

1.5.1 A Vila São José dos Matões perde autonomia para São José do Parnaíba Com a extinção da vila de São José dos Matões, perdendo sua autonomia pela primeira vez para a povoação de São José do Parnaíba, originou-se uma rivalidade e começa aí um confronto de forças políticas entre as duas vilas (São José do Parnaíba e São José dos Matões).

De um lado, as famílias aristocráticas de São José dos Matões: Silveira, Moura, Assunção, Rios, Alves, Costa, Araújo, Brito, Bandeira, Barros, Azevedo, Dias, Carneiro, Beleza Pimentel, Colaço e Pereira; do outro, Reverdosa Mouras, Assunção, Freitas, Serafim, Viveiros. Dentre essas famílias, a maioria pertencia às famílias de Matões que se estabeleceram na região de São José do Parnaíba.

Devido ao acesso do caminho real na passagem de Santo Antônio (o núcleo populacional existente em 1779) no ponto de travessia sobre o rio Parnaíba, a estrada real que ligava Caxias a Oeiras foi consideravelmente melhorada em 1806, pelo ouvidor Dr. Henrique de Melo Coutinho de Vilhena, a mando do Governador Diogo de Sousa.

A transferência da capital do Piauí de Oeiras para Teresina e o consequente deslocamento do eixo comercial trouxe decadência ao arraial, que pela Lei nº 386 de 30 de junho de 1855 ficou apenas como parada de boiadeiros que desciam do sul do Estado com gados e dos tripulantes com suas mercadorias, indo e voltando.

Porém, a Câmara de Vereadores de São José dos Matões não se convenceu da tal lei, pois a povoação ora beneficiada não possuía prédios apropriados para funcionamento da Câmara, cadeia e templo religioso, estando sem as mínimas condições de categoria de vila. Com a Lei nº 656 de 6 de junho de 1863, volta à condição de vila e, em seguida, perde esse foro pela segunda vez para a nascente cidade de Timon, naquela época São José do Parnaíba.

A Vila de São José dos Matões, restringida a simples povoado, ficou durante oito anos sobre a jurisdição de São José do Parnaíba. Mesmo não tendo sido executada a Lei 386, a vizinha continuou com condição de vila mesmo irregular, sem poderes políticos. A única autoridade que ficou foi o Pe. Morais Rego, as outras autoridades, especialmente da Câmara Municipal, dirigiram-se para a nova sede em São José dos Matões para prestarem serviços.

No dia 14 de agosto do mesmo ano falece o Presidente da Província Dr. Eduardo Olímpio Machado, causando grande tristeza na sociedade maranhense, especialmente nos políticos de São José do Parnaíba que tinham nele confiabilidade política, pois acreditavam sempre sair ganhando nas questões com São José dos Matões. Assume então o bacharel Ambrósio Leitão da Cunha a Presidência da Província no dia 13 de junho de 1863 (MEIRELES, 1980).

NOVA AUTONOMIA

São José dos Matões conquista outra vez sua autonomia.

Desta vez, ganharam os políticos matoenses que conseguiram a sua autonomia de volta pela segunda vez, tornando-se sede da vila e cabeça do termo com a Lei nº 656 de 6 de junho de 1863.

A elite aristocrática de São José do Parnaíba não cruzou os braços, mostrando poder político perante as autoridades da Província, pois logo que assumiu a Presidência da Província, o vice-presidente desembargador Miguel Joaquim Aires do Nascimento, com o afastamento do titular no período de 23 de novembro de 1863 a 31 de outubro de 1864, teve como um dos seus primeiros atos revogar a Lei nº 656, sancionando a Lei nº 698 de 2 de julho de 1864:

Artigo 1º. Fica transferida a sede da Vila de São José dos Matões, Termo da Comarca de Caxias, para o lugar das Cajazeiras, conservando a denominação de S. José das Cajazeiras.

Artigo 2º. O Pároco da Freguesia de S. José dos Matões residirá na Vila de São José das Cajazeiras.

Esta Lei por um ano não foi executada, senão quando a Câmara Municipal de São José dos Matões participou ao presidente da província que, em sessão extraordinária de 15 de agosto de 1865, oficializou a transferência.

Confirmada a transferência definitiva da sede municipal para São José das Cajazeiras em 1865, ficou comprovada a força política dos Cajazeirenses, os quais aproveitaram o fracasso da vila de Matões – que não progredia – e a privilegiada posição geográfica da vizinha capital mais nova do Brasil.

Matões procurou pelo menos assegurar a cabeça do termo da comarca, sem dúvida mostraria a sua superioridade perante sua rival. Continuou nos bastidores a luta pela conquista da vila de volta, pois com esse vai-e-vem da politicagem, Matões estava perdendo sua credibilidade e deveria dar basta nesse processo de tantas transferências. São José das Cajazeiras pagou na mesma moeda, como diz-nos uma dádiva popular: foi um bom tempo por apenas 5 anos.

Desta vez São José dos Matões reconquista definitivamente sua autonomia.

No dia 4 de junho de 1870, o Dr. José da Silva Maia, vice-presidente da Província do Maranhão, sancionava a seguinte Lei nº 880 de 04-06-1870:

Artigo 1º. Fica transferida a sede da Vila de São José das Cajazeiras para a povoação de São José dos Matões, centro do Município.

Artigo 2.º Os limites continuarão a serem os mesmos. Instalada a nova sede, as autoridades constituídas de São José das Cajazeiras não tiveram outra opção a não ser selar seus cavalos e dirigirem-se rumo a Matões para prestarem seus serviços, especialmente na Câmara Municipal. Com essa atitude estava comprovada a autonomia de Matões.

Em 1871, foi renovado o quadro de juízes de paz, sendo nomeados outros cidadãos matoenses e os vereadores somente em 1873, com a nova eleição em que teve lugar a maioria de Matões. Esta nova lei veio para solucionar o nosso desejo de uma emancipação definitiva.

Dessa feita, o título de vila perduraria sobre São José dos Matões por mais de setenta anos até a reforma do Estado em 1940, quando passou à categoria de município e cidade de acordo com o Decreto Lei nº 159 de 6 de dezembro de 1938, sancionado pelo interventor do Estado Paulo Martins de Sousa Ramos, fixando a divisão territorial do Estado, que vigorará sem alteração de 1º de janeiro de 1939 a 31 de dezembro de 1943, e dá outras providências.

Nessa nova divisão, Matões, além de passar a município e cidade, ficou colocado em 23º lugar e Termo da comarca de Flores, hoje Timon.

Outra lei importante foi a Lei nº 820 de 30 de dezembro de 1943, sancionada pelo então Interventor Dr. Paulo Martins de Sousa Ramos, que fixou a divisão administrativa e judiciária do Estado, a qual vigorou sem alteração de 1º de janeiro de 1944 a 31 de dezembro de 1948 e dá outras providências.

Matões, ex São José dos Matões, vivia momentos de grande suspense com as eleições de l947, na disputa acirrada entres os grupos de Lauro Barbosa Ribeiro e Antenor Pereira de Brito (o ‘’Dozinho’’), o qual teve como vencedor Lauro Barbosa, primeiro prefeito constitucional.

Já existia uma preocupação muito grande dos matoenses com a proposta de Lauro que defendia a transferência da sede de Matões para as margens do Rio Parnaíba, alegando que o núcleo de Matões era muito isolado do mundo e que só vinha a Matões quem tinha grande interesse e assegurava que essa mudança traria sucesso para a cidade em virtude do meio de comunicação fluvial com a capital do Piauí (Teresina).

Com sua eleição e o apoio do seu irmão Dr. Joel Barbosa, deputado estadual, conseguiu inserir nas Disposições Transitórias da Constituição um artigo mudando o nome de São José dos Matões para Parnarama,conforme o artigo l3 datado de 28 de julho de 1947. Como disse o próprio deputado Joel Barbosa na sua obra “Caminhos por onde andei”: “O procedimento que tomou em mudar o nome parecia ser esquisito. Porém, a minha intenção era, mudando o nome do município, transferir a sede para outro lugar em que fosse possível construir-se uma nova cidade”. Foi realmente o que fez o Prefeito Lauro, beneficiando seus amigos, conseguiu uma doação da propriedade de José Torres Assunção à margem esquerda do Rio Parnaíba, lugar denominado Terra Nova. Outro que fez também uma doação e não foi mencionado: Sebastião Moura, o popular Basto Moura, segundo o Pe. Jesus.

Os matoenses mais uma vez ficam para trás com decisões políticas daqueles que não amam Matões, perde-se outra vez a sua denominação. Não respeitaram nem mesmo a religiosidade! Mudaram o nome da cidade retirando o nome do nosso Padroeiro São José (pai adotivo de Jesus) que também era uma homenagem justa a D. José, Rei de Portugal e ao fundador do povoado Manoel José de Assunção.

Foi aplicada mais uma lei perversa: trata-se da lei nº 128, de 17 de setembro de 1948, transferindo a sede do Município de Parnarama (novo nome da antiga São José dos Matões) para as margens do Rio Parnaíba na povoação Terra Nova.

Artigo 1º. É transferida para o lugar Parnarama a sede do município do mesmo nome.

Artigo 2º. Fica o Prefeito autorizado a providenciar, dentro de dois anos, a contar da publicação desta lei, as instalações necessárias à nova sede, para o que a Câmara Municipal abrirá o respectivo crédito.

Com a construção em 1949 da cidade de Parnarama às margens do Rio Parnaíba, Matões desceu à condição de distrito. Perde sua autonomia pela terceira vez. Dia 31 de março do mesmo ano ocorre mais uma tristeza para esta cidade: levaram tudo! Menos as imagens dos nossos padroeiros, pois os pernambucanos Zeferino e Manoel Ferreira (popular “Foguista”), residentes em Matões, junto com dona Filomena Menezes (“Filó Menezes”), encarregada do Divino, fizeram barreiras e ocasionaram uma grande confusão, usando até mesmo força, mas não deixaram levar o que tinha de mais importante na história secular da religião católica de Matões.

Os Matoenses mais uma vez mostraram garra e luta por sua independência, assim como fez o bravo tenente Roberto Moura na Guerra na Independência em 1823. Não se conformando com o procedimento desleal do prefeito Lauro Barbosa em mudar o topônimo, em seguida, transferir a cidade, os matoenses foram à luta junto com o líder político Dozinho Brito e o Governador Eugênio Barros, um matoense de fé.

Na Assembleia Legislativa, apresentaram suas justificativas alegando que haviam ferido uma tradição secular simplesmente por interesse pessoal do prefeito, considerado um absurdo. O êxito só veio anos depois, quando foi aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo então Governador Eugênio Barros, a Lei nº 849, de 30 de dezembro de 1952.

• CRIA-SE o Município de Matões.

Artigo 1º. É criado o Município de Matões constituído pelo atual distrito do mesmo nome, no município de Parnarama, do qual é desmembrado de acordo com os limites fixados na presente lei.

Artigo 2º. O Município de Matões fica subordinado ao termo sede da Comarca de Parnarama.

Artigo 3º. É elevado à categoria de cidade e convertido em sede de município o atual Distrito de Matões.

Finalmente, a 30 de dezembro de 1952, através dessa lei nº 849, tornou-se município e cidade pela segunda vez. Foi instalada no dia 1º de janeiro de 1953, assumindo o prefeito nomeado Myrson Viana.

Encerrando aí uma novela de mais de 100 anos de transferências consecutivas da sede do município de Matões, antiga Vila São José dos Matões. Começando uma nova história política e administrativa até os dias de hoje.

Atualmente, Matões é uma das cidades maranhenses mais avançadas, mesmo com o fato dos administradores não fazerem cem por cento, muitos têm feito alguma coisa, a exemplo da ex-prefeita Suely Torres e Silva, que não mediu esforços, contando com apoio de dois deputados estaduais: Dra. Cleide Coutinho e Rubens Júnior. Seu líder maior trata-se do ex-deputado estadual Rubens Pereira, o qual foi secretário de governo na gestão do governador Jackson Lago. Atualmente, presta assessoria ao governo do estado como secretário de governo.

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